No fim do túnel, uma linha azul
chama. Atrai, principalmente.
Pessoas passam de bicicleta,
agora eu desejo ter uma.
Da cidade pra cá há meia hora.
Há muita diferença, do túnel pra cá.

No passeio largo para gente bela,
o estrangeiro sou eu.
Na praia de areia branca
que estranha minha pele,
que estranha meus jeans,
o estrangeiro sou eu.

Agora vou, sério.
Visualizo o forte e ando.
Suando por ser o único de casaco.
Visualizo o forte e vou andando.
Não há atleta que impeça meu caminho.

Sob um sol cada vez mais forte,
sob um sol cada vez mais próximo,
o estrangeiro sou eu.
Como Camus previu,
eu me estranho, não pertenço a esse cenário,
à praia.
Como Camus anteveu,
o estrangeiro sou eu!

Nesse bloco de gente alegre
atravesso propositalmente o samba.
Para lembrá-los do outro lado.
Tenho sorriso falso e olhos baixos.

Copacabana, que agoniza,
angustiada. Do Belchior,
não do Tom Jobim.
Copacabana, o estrangeiro sou eu!

Sou o gringo de sapato em suas areias,
de camisa e meia em suas ruas.
Personagem feito de mochila,
óculos, peso, calor e desgosto.
Vindo de cima da montanha,
tentando achar no fim daquela
linha azul horizontal e invensível,
um tanto de paz.

Copacabana, não se culpe pelo abismo.
Estou assim mesmo, egoísta.
Por vaidade, hoje e para sempre,
o estrangeiro sou eu.

Karl
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