Deixe-me fazer parte no teu estado compenetrado de espírito.
Me instalar ao teu dispor num descaso incomprimido,
Dialogar nas suas veias com toda a delicadeza
Usurpa toda a sua honestidade e nobreza.
Deixe-me estar entre as suas avenidas secretas
Deplorar as suas ruas estreitas
Usufruir de teu amor ainda tenro e cego
E amar os teus poros e teus becos e egos.
Deixa-me acariciar a tua língua
Roçar-me em teus lábios por inteiro
Fatigar-me de amar os teus medos
E instigar os minutos mais longos de um prazer eterno.
Deixa-me suar junto com tuas transpiração
Romper tuas fronteiras e teus gemidos
Amar teu vácuo e os teus espaços despreenchidos,
E sentir a fundo, o fundo sono afrodisíaco.
Deixa-me sentir você mais de perto, por dentro,
Me deixa sucumbir na maior necessidade da vida
Organizar os nossos rumores nesta hora tão linda
Roubar as tuas palavras ainda não ditas.
Deixa-me enroscar os meus cabelos nos teus
Espalhar meu nojo por entre ruas estranhas
Aquecer teu corpo assim como se fosse muitas chamas
Saborear o teu sorriso quase despido
E me satisfazer em teus seios inibidos.
Deixa-me constituir o prazer atrevido
Ser o afeto que me guiará perdido
Sentir o gozo quando estiver contigo,
Deixa-me ser o teu maior infinito.
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