Quem sou eu?

A primeira pergunta que poderiam me fazer é: quem sou eu? Difícil de se responder quando a maioria das pessoas desse mundo passam pela vida sem nem ao menos acharem curiosa esse tipo de pergunta. Mas vamos lá... sou alguém que se sente sem lugar, sem espaço, sou alguém que não crio raízes por onde ando. Sou eternamente traspassado por um sentimento, por uma ânsia pela liberdade e pelo desconhecido, por algo que muitas vezes sinto estar para além de mim, mas que em certos momentos sinto-me tangenciado por isto. Sou um ser sensível, com um jeito de durão que esconde aquela velha sensibilidade humana por detrás do véu do machismo, capaz de chorar nos momentos mais lindos e de brigar explosivamente quando sinto-me atingido. As vezes medroso e irritadiço, algumas vezes corajoso diante dos desafios da vida. Alguém que acredita em heroísmos e em contos tradicionais de ensinamento, alguém que fantasia e que se põe a sorrir diante do inimaginável. Alguém que busca ter pé no chão para não sofrer mais além do exigido, alguém curioso diante dos mistérios da vida, das pessoas e do mundo. Alguém que olha o céu e acha lindo o brilho das estrelas, o canto dos pássaros no nascer do dia, o clima da Terra durante o pôr-do-sol, a brisa que vem do horizonte e atravessa o mar, o nascer da Lua cheia, as cachoeiras, os rios, as florestas, o cheiro do mato úmido, as mulheres charmosas e femininas, as músicas capazes de tocar nossa alma, o sorriso de criança, as virtudes que formam o homem, o contato íntimo entre duas almas, a verdade, o amor, a paixão... são infinitas as coisas que me encantam neste mundo. Posso dizer que busco aquilo que é belo, que encanta, que me faz amar, sorrir e acreditar... algo que me faça sentir e encontrar o que existe de belo em mim. Procuro o que não contenha apenas máscaras, aparências e superficialidades, e sim, um certa profundidade de ser que me alimenta e nutri com o imaterial. Posso parecer um romântico logo de saída, mas não se iluda, pois posso ser muito ácido, frio, calculista e exigente comigo mesmo e com os outros. Ainda busco uma saída para a mesmice da vida cotidiana, para os hábitos e condicionamentos repetitivos, para o dia-a-dia difícil e cansativo. Tento criar uma alternativa só minha, uma alternativa que não seja “alternativo”, mas que me mostre um caminho novo e bonito.
Será que depois de tudo isso eu respondi a velha pergunta ontológica, “quem sou eu?” Acho que não. Prefiro não responder (até porque não conseguiria!), prefiro deixar as definições em aberto, prefiro mostrar-me aos poucos e deixar que os outros juntem os diversos aspectos constitutivos de meu ser e façam deles o quadro que gostariam de ver. Deixemos assim, pois, infelizmente, é só assim que conseguimos ver.

"...silêncio... o coração quer falar..."

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Poesias de Tiago Ribeiro

Título Data Com.
SOLIDÃO 30/03/2005 3
Deus... 30/03/2005 0
Amor e Dever 30/03/2005 0
Beira do Rio 30/03/2005 0
LUA 30/03/2005 1
METÁFORAS 30/03/2005 0
BELEZA 30/03/2005 0