Daquela que meu riso exigia,

que a luz da ternura refletia

não vou me esquecer!

Por mais que o tempo tente levar

o esplendor que eu via em seu olhar,

irei sempre o ter!

 

Em minha mocidade plangente

onde na aurora da estrada ardente

tão cedo morri,

perdido entre as vagas da existência...

servo do desgosto e da indolência,

eu a conheci.

 

Sua fronte era uma paragem,

na qual se desenhava a imagem

do extremo dulçor;

Seu perfume... cheio de mistério

não existiu em nemhum império,

em nenhuma flor!

 

Negros, negros eram seus cabelos

que a lua mais brilhava só em vê-los

nos ares fluindo.

Aquela que talvez eu amava

que a todos ao sorrir, encantava

vivia sorrindo!

 

Só ela que abarcava a pureza,

segava de minh`alama a tristeza,

delicadamente!

E, no horto de meu triste existir,

da esperança e crença no porvir,

plantava a semente!

 

Ela era tão divina e singela,

que ninguém será igual a ela

em meu sentimento!

Bom era viver ao seu encanto,

ter a sua voz qual doce canto,

em seu beijo - alento!

 

Contudo, eu não tive esta ventura

de em seus lábios - flihos da candura -

sentir a paixão,

de em seus ombros deitar o semblante,

e não crer-me louco e delirante

ante uma ilusão!

 

Na acre solidão em que ensebei

meus louros de poeta e chorei

já desfalecido,

ninguém visitou-me em caridade,

trazendo a flama da liberdade

ao bardo esquecido!

 

Ninguém senão a gentil mocinha,

que da bondade era a rainha,

a mais pressurosa!

E que minh`alma amava em segredo,

em sua sina atroz de degredo,

sempre sequiosa!

 

Daquela que meu riso exigia,

qua a luz da ternura refletia

hei de sempre ser!

Por mais que passe o tempo, os anos

me sejam tão cruéis, soberanos...

não vou esquecer!

 

 

Alexandre Campanhola
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