Viaja meu espírito peregrino
pelas quadras infantis,
pelas quadras infantis onde eu soubera
que se pode ser feliz...
a manhã da vida, a leda primavera!
Na leda primavera minha coheita
era abundante em festejo;
era abundante em festejo o calmo dia
que d`alegria era um beijo!
E meu espírito invade essa harmonia.
Essa harmonia de tenra liberdade
com um sabor de esperança,
com um sabor de esperança ungi meus lábios
em meus tempos de criança!
Sem conhecer esses hodiernos ressábios.
Esses hodiernos ressábios não brotavam
no campo verde e frugal,
verde e frugal era do mundo a impressão
na visão celestial,
e não havia mágoas e solidão.
Mágoas e solidão não me visitavam
naquela aurora vivente,
naquela aurora vivente quando a fala
era tão pura e inocente,
e àquela áurea ternura nada se iguala.
Nada se iguala ao vasto prazer de outrora
em saudar o amanhecer,
em saudar o amanhecer sem a certeza
do quanto vai se perder;
usufruindo a verdadeira riqueza.
A verdadeira riqueza está nos saltos
do casto infante a brincar,
do casto infante a brincar e distraído
à maldade a lhe cercar...
e meu espírito a tudo tem sorrido!
A tudo tem sorrido com amargura
pelo lembrar que me rói,
pelo lembrar que me rói e esta saudade
que é uma ferida que dói...
Que é uma ferida que dói sem piedade!
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