Viaja meu espírito peregrino

pelas quadras infantis,

pelas quadras infantis onde eu soubera

que se pode ser feliz...

a manhã da vida, a leda primavera!

 

Na leda primavera minha coheita

era abundante em festejo;

era abundante em festejo o calmo dia

que d`alegria era um beijo!

E meu espírito invade essa harmonia.

 

Essa harmonia de tenra liberdade

com um sabor de esperança,

com um sabor de esperança ungi meus lábios

em meus tempos de criança!

Sem conhecer esses hodiernos ressábios.

 

Esses hodiernos ressábios não brotavam

no campo verde e frugal,

verde e frugal era do mundo a impressão

na visão celestial,

e não havia mágoas e solidão.

 

Mágoas e solidão não me visitavam

naquela aurora vivente,

naquela aurora vivente quando a fala

era tão pura e inocente,

e àquela áurea ternura nada se iguala.

 

Nada se iguala ao vasto prazer de outrora

em saudar o amanhecer,

em saudar o amanhecer sem a certeza

do quanto vai se perder;

usufruindo a verdadeira riqueza.

 

A verdadeira riqueza está nos saltos

do casto infante a brincar,

do casto infante a brincar e distraído

à maldade a lhe cercar...

e meu espírito a tudo tem sorrido!

 

A tudo tem sorrido com amargura

pelo lembrar que me rói,

pelo lembrar que me rói e esta saudade

que é uma ferida que dói...

Que é uma ferida que dói sem piedade!

 

 

Alexandre Campanhola
© Todos os direitos reservados