Com um olhar em crisálidas
No teto de sonhos
Sob o jardim de estrelas
Estrelas flutuantes
Sem hastes nem espinhos.
E eu, colhendo antigas metáforas
Com toda a metafísica dos Deuses
Embutidos em mim.
Aspiro aqui o futuro
E sobrevém o céu
E advém o inferno.
Induzo-lhes indiferente e reluzente
Triste como o tormento dos mortos (no dia de minha morte).
O crepitar dos ossos em chamas
Para sempre ecoando do futuro
Onde sobre a terra tremem-se tumbas
(AH!! Como amo a paz deste sítio).
Ó povo enterrado como raízes de árvores
- Que os anjos vos ouvem os sonhos -
A morte vos protege das peripécias errantes.
E neste jardim mórbido
Com ossos e almas como raízes
Que me seguram a alma pelos pés
E a vida não consente meu viver;
Sob o peso das decepções
Que seus nomes ecoam infinitamente:
Se eles sentem,
Se eles sonham,
Se eles ouvem,
Se eles vivem
Que importa?
Ó terras sobre os mortos,
Que impões ordem a estes murmurantes,
Eis que a clepsidra da vida esgota-se
Enquanto eu vivo apartado no passado
Com um olhar em crisálidas
No teto de sonhos
Sob o jardim de estrelas
Estrelas flutuantes
Sem hastes nem espinhos
E eu, colhendo antigas metáforas.
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