O diabo veste Prada

1.

Esta é a "estória" de um camarada,

Correto, responsável, "pés-no-chão"

Bom pai, companheiro, amigo, irmão,

Um belo exemplo a ser imitado...

Gozava, por isso, enorme respeito,

Só fazia o que era de direito

Era justo,  ordeiro e dedicado!!

 

2.

Ele era do tipo que, ao falar,

Analisava todas as consequências;

(Sua postura, de nobreza e decência,

Era elogiada sempre que o viam passar)...

Grande conselheiro, bom, ponderado

Era trabalhador, operoso, invejado

E ninguém, jamais, o viu errar!

 

3.

Inimigo de vícios - jamais fumou,

Nunca tomeu uma "branquinha";

Era muito dedicado á família e, a tinha,

No mais alto patamar de integridade...

Fugia de toda (e qualquer) badalação,

Amava a verdade, detestava a traição,

Era, enfim, um cidadão de verdade!

 

4.

Ocorreu, porém que, num belo dia,

(Num engavetamento), teve o carro amassado;

Como todos ficariam, também ficou chateado

Mas não fez, deste fato, um mistério...

Fez, como todos, o boletim de ocorrência,

Mas  manteve a postura e a decência,

Mostrando que nada o tirava do sério!

 

5.

A "armadilha", todavia, estava por vir.

Na pessoa da escrivã, bonita e charmosa;

Educada, sorridente, meiga, dengosa,

(Em poucos gestos, cativou-lhe a atenção)...

Os olhares se cruzaram, ele não resistiu,

Um sorriso maroto, que ele retribuiu

E a "Seta de Eros" atingiu-lhe o coração!

 

6.

Um encontro, dois encontros, outros mais

E ele foi ficando enamorado;

De sensato, que era, virou descuidado.

Vítima, indefesa, desta tal sedução...

Já não era mais um marido exemplar,

Até a vizinhança começou a notar

E sua vida, correta, virou falação!

 

7.

Abandonando seu lar, assumiu o romance

E sua esposa, ultrajada, revoltada, sumiu;

Mas seu castelo de areia não resistiu

E, com tudo perdido, caiu na bebida...

Em pouco tempo, ficou desempregado,

Foi morar na sarjeta, desacreditado,

Pois a bela escrivã arruinou-lhe a vida!

 

8.

Até que, um dia, não mais suportando,

Tomou a atitude que ninguém esperava;

(Refletindo a desgraça, em que se achava,

Outra saida não teve... (até se arrepiou)...

O seu desespero era tão sufocante,

Que tudo não passou de um mero instante,

Um tiro, um suicidio... e tudo acabou!

 

 

 

 

 

 

Divino Mariano
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