Penso muito, caro leitor
Em escrever uma poesia lustrosa
Que não revele mais o meu rancor
Bonita, que de ler se ache gostosa
 
Uma que reflita grande felicidade
Sobre um casal, uma flor, um amor de verdade
Mas é difícil, leitor, veja minha ótica
Para mim quase tudo é cólera, e nada tem lógica
 
Estou farto, admito comigo, de tudo
Da falsidade na dor que relato
Da verdadeira angústia que sinto mudo
De olhar todos os dias para o seu retrato
E de ver o quanto sou imundo
 
Não quero ser mais um e passar despercebido
Mas sou como qualquer um, nada a ser descoberto
Não posso ficar puro, dessabido
Não pertenço a este mundo perverso
 
Nada de especial, apenas ter te descoberto
                                                                  [ e perdido...