Sobre as Estrelas I

À margem de um córrego negro
Sentada no parapeito de aço, ela cairá
Será uma estrela cadente na turvidez do rio

Não há ar que se respire
Não há arvores, nem flores
Somente o céu estrelado
Ela pode contemplar

O seu mundo sem amor
Não há ninguém
Na memoria está tudo
E a ilusão que dá algum sentido

Nas luzes, nas esteiras
Nas esferas, nos monumentos
Na arte inteligível,
Ela vê o seu corpo desmoronar

A sua alma efluente
É chama que vigora em seu olhar
Como estrelas que se apagam um dia
Na turvidez infinda do céu negro... ela vai desabar