Lágrima de dor esquecida
Como pode o peito guardar
O motivo de sorrir e junto
O motivo de chorar, sem conflito
De peito aberto eu digo o que posso
E me conformo com o que der para passar
Mas encolhido em mim, infinito em mim
O meu desejo de amar, motivo do riso
O meu medo de sofrer, motivo da dor
E um sem motivo tamanho para pensar
Pensar, pensar,pensar...
Às vezes até falar, com a boca ou com a mão
E me calar, quando a boca ou a mão
Cansadas de tanto trabalhar
Adormecem, para depois eu voltar a pensar
Só dentro da cabeça
Mas, insignificância é o pensar medido
Metrado, elaborado paulatinamente, o controle
Do descontrolado sentimento que vem na noite
Mal dormida, no dia, mal vivido,
Na hora intensa ou não, desistida do que quero
Um algo ou alguém além daquilo que se tem,
Se ouve, se cheira, se nota,
Ah, esse sentimento que nasce de um motivo
Da dor ou do riso, do riso ou da dor
É que de tanto pensar eu pensei que nem havia espaço
Para um coração dividido entre motivos
Pois se o inferno fica longe do céu
O céu longe do mar
O mar longe das nuvens
As nuvens longe das estrelas
E as estrelas longe umas das outras
Então, era de se convir que amor e dor
Andassem também separados, por sentinelas
E espaços irreversíveis de tal forma que nós humanos
Escolhêssemos por nós o que preferirmos
Amor ou dor, dor ou amor
Mas veja que contradição, que colisão
Se nem diferença tem
Chorar por amor ou de dor
É lágrima que cai pelo rosto
É rosto que se molha pra depois secar com o vento
É vento que arrasta poeira e leva pra lá
E a poeira, como se sabe,
É pedaço da terra que vive solto no ar
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