Cadeado sem chave

Eu errei.
Do fundo do poço à luz do fim do túnel.
Errei em todas as etapas possíveis.
Cansei de te perder... tão displicente.
Passei rente ao chão...
Crente que meu vôo era intocável.
Inexplicável agonia!
 
Quão inebriante era teu perfume
Que eu deixei passar.
Quanta tez sentia em teu toque flutuar
Que me escapou...
Quiçá pensar que um dia te tive em minha mente.
Que ainda assim te deixei tão de repente.
 
No enveredar da vida nos encontramos
Seguimos caminhos juntos
                -as mãos dadas, tocando a todo pranto.
Segurando, juntos, a cria no relento.
 
Mas nos desenrolamos. Tivemos que seguir paralelos
Foram noites em claro, memórias não vividas...
Foram tempos passados, mortes sem harmonia.
 
 Enfim retornamos, num desejo imaculado
Pronto para ser despertado
Enrolado em lençol dourado,
Apertado como cadeado!
Que nunca se abriu...
 
Nitidamente a culpa foi do homem.
E que homem panaca.
Babaca de ser o macho alpha
De querer ser tão centrado no eu
De o espelho mostrar a própria face
 
O cadeado que nunca se abriu...
A dor, que injetada em meu coração,
Perpetuará, para sempre, a cor da desilusão.
 
Guarde segredo: Na vida a gente erra, na vida a gente aprende, mas nem sempre dá para consertar.

Renato Gaspar
© Todos os direitos reservados