Semente

 
Estava tudo tão acabado.
Não tinha teto, não tinha nada.
Lambia o chão como um Schistosoma.
Imaculado e embriagado. LIXO!
 
Aos poucos olhava ao redor,
Via as pessoas não se importando.
Seguindo suas vidas como se fossem perfeitas
MISERÁVEIS!
São perfeitas porque não eram a sua...
Se apenas eles soubessem quão fundo era o poço...
 
Não queria levantar.
Ardia tudo, naquele chão de sol a pino.
Zênite. Terrível zênite!
 
Que a senhora do destino me carregue consigo
Chegou a hora do túnel de cristal.
                               - mas espere!
-mas ouça!
Alguém sussurrava-lhe as escadas.
Das miraculosidades da dor,
Levantara, como de um salto
E que salto!
Corria mais que ladrão
Sorria mais que famoso.
Saíra do fundo do poço
Para a bonança da alegria.
Não conseguia explicar o ocorrido.
Era tudo tão simples, na teoria
No fundo, não mais  temia.
A tempestade passara
Pois que venha a calmaria!
 
Guarde segredo: É na merda que a grama cresce.

Renato Gaspar
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