A vida é uma menina. Eu a amo. Fico sem jeito, desconcertado, toco os seus cabelos e estou enamorado, corado, um sol que me avermelha lá por dentro, suspiro ansioso, ela sabe, faz-se bonita, trejeito amoroso. E o tempo passa e jamais envelhece o ardor, a inocência, o sem-pudor. A vida é uma mulher. Roda sua saia e insinua que eu me guarde, pisca em longos abraços e fecha apertado quando eu me desfaço, foge e volta tarde, muito tarde, tão cedo não me retrato, ela sabe, o que se dá recebe cedo ou tarde. Livre a ponto de padecer desse livramento eu jamais me arrependo, extasiado, pobre coitado, tudo desfaço. E nada quer da amada o eterno enamorado, nada que seja menos que a comunhão,
mas, almas separadas, vida que me trai, que como a um espelho me trata.
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