Sim, como fui um menino travesso! De tantas travessuras que recusava-me a crescer, ou, talvez, de tanto desejo que recusava-me à qualquer encontro ceder. Tudo o que tão obcecadamente defendi fazia-me em um certo senhor da vida, enviando seus exércitos de meninos às muralhas intransponíveis. E lá estava, amargurado, de sobre o seu cavalo, tão formidavelmente armado, Dioniso. Legiões de cavalos empinados, pareceram-me tão predestinados! Tão imbatíveis pobres coitados. Toda a aflição de uma angustiante agonia que cava buracos, que faz em pedaços, que compactua com movediças areias que nos arrastam, que vomitam beleza incomparável, que por um intelecto da mente e do espírito por Godot esperávamos. Da alma, Kierkgaard, Kierkgaard da alma. Desmonta Dioniso, está acabado.
 

MARCELO GOMES JORGE FERES
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