QUANDO FALA A VIDA


 
 
 
Quando fala a vida. Às vezes em tortura lenta, dor crescente, gota de um veneno que é toda a dor reunida de repente. Saudade ou esquecimento, qual a maior sensação de perda? Pequeno hífen no dionisíaco-niilismo, a sensação de perda. E eu gargalho pelas histórias como um deus em seus pontos finais, desconheço, a não ser a mim mesmo. Mas vivo sou todo Dioniso se em meu corpo todas as possibilidades mantenho, juventude sempre fácil de ser escoada e de fazer escoar, carinhos golpes violentos, lembranças confundidas com projeções, fugas tão reais meus sonhos e ambições, viver de verdade com todos os tropeços, escrever as metades e desenrolar os novelos, tricotear com forças, devolver o olho a seu peixe, pequena esquizofrenia, ou teimosia, de uma individualidade chocada e apenas dividida.
 

MARCELO GOMES JORGE FERES
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