E perco um pouco de mim...

É... Mais uma poesia

Que você começou a ler

Onde não há promessa de rima,

Nem de beleza, nem de clareza,

Nem cumprimento do meu dizer

Se quiser pode ir com seus olhos

Pra qualquer outro lugar... Por que não

Para você mesmo?

Pois é o que farei nesta hora...

Acontece que estou cansada

De perder um pouco de mim

Mais um pouco e não resta nada

Do que eu fui quando me fiz fim

Antes mesmo de começar...

Fim de semana já fui na segunda

Meu fim de tarde já fui de manhã

Fim de inverno sem blusa de lã...

Até fim de linha já me fiz também

Sendo carretel novo como ninguém

E é no espaço entre o "fim" e o fim

Que eu perco um pouco de mim...

E me desassossEgo

E em vão descarrEgo

A forma mais íntegra que pode haver em mim

Em pedaços

Mal distribu

Ídos

Indo de mal a melhor

Um melhor dia, um melhor resultado

Tudo isso jogado em um fim que se

Antecipa sempre

E perde um pouco de mim...

Estou cansada de tentar mostrar

Quem eu me esforço pra ser

Ou quem eu sou sem querer

Meu dia

É... Mais uma poesia

Que eu comecei a ser

Onde não há promessa de mim

Não por completo, porque perco um pouco

Da beleza, da clareza,

Do cumprimento do meu dizer...

Mas ora vejam, olhos do mundo! 

Vejam quem já não consegue se ver!

Pois perdeu um pouco de si

Perdeu um pouco de só

E perdeu um pouco mais

Do que nem se lembra que foi

A algum outro fim atrás...