Foi o dia mais feliz da minha vida, pude conviver com gente simples.
Pessoas que estão muito longe
do MUNDO MÁGICO dos grandes artistas,
pessoas que não frequentam espaços cenográficos...
Eu vi, também, uma organizada fila, que caminhava em ordem.
Sem aquela história de privilégio pra quem é CLIENTE ESPECIAL.
Eu senti a alegria transbordar.
Acredito ter aprendido o quanto um prato de comida é importante.
Principalmente, pra quem pouco o conhece...
A oração que ela fez, após a refeição, foi algo que me arrepiou.
Ela, UMA MOÇA que estava sentada do meu lado.
Acabou de comer, levantou as mãos, agradeceu a Deus.
E, ainda, PEDIU PROTEÇÃO para todos que ali estavam.
Foi o dia mais feliz da minha vida.
Eu não precisei gastar milhões.
Aliás, não gastei absolutamente nada, um amigo pagou a conta...
Que restaurante, popular, com cheiro de povo.
Sem "frescuras", sem madames ou doutores.
Mas, repleto de JOÃO, MARIA, JOSÉ...
A verdade é que pude comer, beber, aprender, gostar.
Tanto que vou voltar, mais de uma vez.
Sempre que possível, vou convidar alguém pra ir comigo.
Mesmo sabendo que vão estranhar, e muito, o meu convite.
Porém, eu consigo entender.
No início, tudo é preconceito aos olhos da SOCIEDADE OFICIAL.
Enquanto isso, UM REAL mata a fome...
Que dia feliz.
Não que eu tenha visto COISAS DE OUTRO MUNDO.
Nada disso, eu vi feijão, arroz, alface, doce de banana.
Eu vi satisfação nos rostos.
Rostos, nitidamente, maltratados pela dificuldade.
Sim, enriquecidos pela humildade.
Confesso, sem exagero:
Deu vontade de parar no tempo, parar o tempo,
e fazer daquele REFEITÓRIO LOTADO a bandeira do meu país...
Essa foi a minha impressão
depois ter ido, pela primeira vez,
ao Restaurante Popular Jorge Amado,
que fica na cidade de Niterói (RJ).
[ 20/09/2002 ]São Gonçalo - RJ.
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