Solidão ou ficção?

Sinto a tua ausência
Nas longas noites frias,
Nas madrugadas vazias,
Nas auroras boreais.

Será solidão ou ficção?
Este sentir, esta agitação,
De sabor acre-doce,
Que me destrói a razão.

Apodera-se-me de tal jeito,
Envolve-me e oprime-me,
Esvazia-me espírito e alma,
Num delírio que não acalma.

Alerta, olhos bem despertos,
Deitada, volto-me e revolto-me,
A voz da consciência censura,
Para me encher de amargura.

Inquietude de vida, degredo,
Falta de calor, de aconchego,
Feita prisão, de um coração,
Bravio e deserto de emoção.

Lisboa