A chama da vida, que se apaga mais a cada dia,

Não cessa essa dor que judia,

Que pressiona o peito cheio de covardia,

Onde falta ar,

Onde se perde o que falar,

Onde seu riso calmo me faz calar.


Se me atropelo nos meus pensamentos,

Se me coloco cheio de argumentos,

Se luto para obter cada um dos elementos,

Ou se apenas paro para ouvir os seus lamentos,

Ainda assim me faltaria o calor,

Que não sei simular, que não sei mensurar,

Que gruda em mim essa sanha que arranha,

Que corrói de dentro pra fora,

Essa imensa dor que me faz te clamar.


Mesmo não sendo puro,

Imploro para que me corrompa,

Mesmo que um pouco, mesmo que só um pouco.

Faz de mim, seu lar,

Encontra aqui um porto para descansar.

Mesmo que não seja o certo, tudo o que eu queria,

Era ser corrompido pelo seu calor,

Ser calado pelo seu olhar,

Sentir seu gosto antes de entrar em torpor,

Sorrir acelerado e acabado ao arfar.


É desatino achar que a vida me preparou para te guardar?

É tontice achar em ti tudo o que eu quero aqui?

É sandice me acalmar em ti?

É pecado impregnar o cheiro seu em cada parte de mim?


Se nossos caminhos já estão determinados na eternidade,

Eu gostaria de entender em que ponto eu terei você,

Onde eu pararei de sofrer?

Em que momento a tristeza será trocada pela alegria dentro deste ser?


Cheio de perguntas e com respostas as mínguas,

Cheio de intensidade e se controlando em calmaria,

Pacientemente te esperando no tempo,

Gentilmente perdido em solidão,

Calmamente construindo um caminho,

Mesmo que seja sozinho,

Um caminho que me liga ao seu coração.


Se jaz em vida a paixão que queima,

Constrói na alma o amor que alimenta,

Que nos evolui, que acalenta.

Leva contigo, pela eternidade,

Se assim ela existir,

Jamais esquece de mim,

Como jamais esquecerei o dia que me disseres “sim”.

Jonathan Cunha
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