TRANSBORDAVAZAMENTO

Por que transbordo

se nem estou cheio de cio ou sóbrio de tâmaras,

se só me recordo

de estar dormindo sempre na mesma cama?

 

Nasço como rio que mal se põe sobre as pernas,

vago, me oriento pelas curvas da vida,

dou-me ao rio, pulo na cisterna,

sou ao sedento mais que comida...

 

Não caibo na palavra água e nem na palavra saibro

menos ainda caibo;

sou feito de cizal,

quase um balaio,

ancho,

maio floral...

 

Entrevejo a luz que desce do sol

feito alpinista de circo;

em meus olhos centelhas de fótons

são em minhas retinas, ciscos... 

 

Ranjo minha estrutura;

movo-me entre a razão e a loucura...

Prieto Moreno
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