Sobre o altar de seus sonhos doirados,
ela curvou-se à brisa da morte,
qual pálida flor.
A luz de seus olhos marejados
apagou-se em um último e forte
suspiro d`amor!
Mais linda que o cintilar d`aurora,
farta da vida e seus dasafinos,
ante tanto engano...
sentiu no seio que era sua hora,
fugindo ao som dos celestes sinos
do terror humano!
Sepultada em seu cruel abraço,
suplicou o noivo arrependido
por sua doçura.
Desfeito do casamento o laço,
restou agora a este fingido
a imagem impura!
No pensamento sempre a gritar,
da existência a palavra mais triste
o remorso vil:
- Saudade, Nicole, de te olhar
e saber que o ardente amor existe
num mundo tão frio!
Saudade de tua voz mimosa,
de teu riso meigo de criança,
qual uma canção.
De tua alva pele tão cheirosa,
de tua alma a recender a espr`rança,
mesmo ouvindo o "Não"!
Ah! Saudade da ternura extinta
que desfilaste na Terra um dia
tão angelical.
Acabou-se do pintor a tinta,
que te pintou cheia de d`harmonia
na tela carnal!
No divino berço ela repoisa
e Deus canta-lhe o casto acalanto
em fagueiros sons;
Seu amado ao vê-la em qualquer coisa,
saberá que o solo sob seu pranto
não merece os bons!
ALEXANDRE CAMPANHOLA
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