Sedenta por meu sangue, a nívea lua beija.

Viaja pelas colinas, provem de outro mundo...

É rubro o seu olhar... tem um olhar profundo.

De tanto me procurar, cansada ela arqueja.

 

Seu jeito feminino é como de um morcego,

jamais soube controlar suas asas belas;

são asas acetinadas, são caravelas...

quando rasgam do céu da noite, sinto medo.

 

Apesar de meu temor, eu dela não fujo,

porque se esconde de meu quarto da cruz da igreja,

e promete se entregar a quem a deseja...

valente como uma fera em meu leito rujo.

 

Ela torna-se quando nua o meu pecado.

Seus cabelos ruivos fulgem-se em trovoada;

as unhas são aduncas, a boca é corada...

creio que morrerei por gozo ou por enfado.

 

Nossa! Seu corpo é tão primoroso, ela é estranha.

Envolve-me com as asas, também com seus seios;

domina-me com olhares sem ter receios,

a sanguinária me lambe, me rasga e arranha.

 

A noite destaca a lua e o vento hibernal...

Quantos desejos em seus olhos aparecem!

Sorve-me um ósculo sedento, as presas crescem...

Meu pescoço entorna sangue - o grito é fatal!

 

 

ALEXANDRE CAMPANHOLA - POEMA ESCRITO EM 2002

 

 

Alexandre Campanhola
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