Que se diga ao tempo que a eterna flama
Desse desejo que se infinda e se enaltece
Cresce no calor e no ardor de nossa cama
Inflama , ama, suspira e manso adormece.

Adormece puro na mesma e íntima trama
Onde te procuro e se no frio teu colo aquce,
E se ausente do teu beijo a saudade cresce
Presente sente o extâse que se derrama.

Na cama, o teu delírio eu bebo e vejo
No cálice do amor o vinho do desejo
Embriaga, aziaga e a volúpia encarne.

Tu morres bebendo esses anseios e sobejo
Eu morrendo sem receios, ofegante beijo
Os teus seios, dois poemas feitos de carne.

Carlos Cintra
© Todos os direitos reservados