Éramos jovens, uma turminha alegre
Nomes fogem agora, exceto o dela
Nas noites dançantes do sábado esperado
Eu me via atrelado a Manuela
A juventude inundava o espaço
De cândida inocência, doce e bela
Tomava-se cuba libre às escondidas
Dos maiores, presentes sentinelas
Falava-se de musica, namoricos
O crush refrescante no quiosque da praça
Os mais acima dançavam Ray Conniff
A vida parecia um festival de graça
Os problemas pareciam tão distantes
O tempo escoando parecia pirraça
Fomos nos afastando, dissolvendo-se o grupo
Sonhos de um futuro que a juventude abraça
Um dia a Manuela eu falei, confiante
De que ela e eu éramos mais que um par
Amigos sempre, cúmplices, confidentes
Desde a frequência do banco escolar
Pus nos dizeres alma, falei de meu amor
Ela, sem dizer nada, desviou o olhar
E disse, soluçando, você nunca entendeu
Sempre te quis amigo, perdão por não te amar
Emudeci pasmado, interiormente atônito.
Meu peito lacerou-se em dor ferina
Sob meu pés o chão balanceava
E a mulher desejada que conheci menina
Afastou-se depressa e na manhã cinzenta
Perdeu-se na distancia envolta na neblina
Meu primeiro amor
Foi sonho diluído na nevoa matutina
Chorei escondido pelos cantos
Mas nem rios de lagrimas
Poderiam levar meu desencanto
Depois de tanto tempo, na verdade
Dos momentos, das gentes, do passado
Meu coração rebenta de saudade
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