O meu espaço é a minha glória
Sou brasileiro, nordestino, sou cabra da peste
Ando descalço
Na minha varanda tem caqueiro
Sou homem, me chamam de sujo
O meu fio mais vei vai pu culegio
Pa tirar a barriga da miseia,
Mas não se esquece de tazer a macaxeira pro pequeno
A mãe deles, a minha muié dar de mamar pro pequeno
Ai de nós quando ele parar de mamar
 O meu espaço é a minha glória
Sou brasileiro, nordestino, sou cabra da peste
A minha gente sofrida moía a grama com saliva
O meu gado morreu na seca
Há muito tempo a chuva não aparece por essas bandas
A muié vai lavar roupa lá no riachinho sujo, de lá tiramo água pa beber e cozinhar
A noite é a minha glória
O sol se vai e os pequenos vão dormi com a barriga vazia
Oh! Deus dos céus, amanhã vou pa roça
A minha avó faz esteira pros pequeno dormirem
Ai! Deus dos céus, que amanhã eu tenha o que dar pros pequenos, pois a muié já ta toda magra de tanto dar de mamar pro pequeno
O meu espaço é a minha glória.
 
Obs.: A desigualdade social é lamentável, enquantos uns fazem guerras, outros apenas, querem o que comer.

Jaqueline Alexandria
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