Carta Solitária

Eu queria um Príncipe Encantado, mas ele só existia nos contos de fada;
Eu queria um Dom Juan, mas ele só existia nos livros;
Eu queria alguém que fizesse loucuras por mim, mas isto só existia nas novelas;
Eu queria um Richard Gere, mas ele só existe no cinema;
Eu queria um amor, mas ele só existia nos folhetins.
Minto.
Eu tive um amor, mas ele morreu
E eu sinto que fui eu responsável por isso
Porque o Amor, assim como uma plantinha,
Tem que ser regado, alimentado
Sob a pena de ser extirpado dentre nós
Eu amei alguém e esse alguém me amou
Mas hoje estou só, terrivelmente só
Arrependida e triste
Lamento não ter feito deste alguém
O meu Príncipe encantado
O meu Dom Juan
O meu apaixonado
O meu amor
O meu artista de cinema
Porque as pessoas têm que ser amadas pelo que são
E não por aquilo que queremos que elas sejam
Não somente pelas suas qualidades,
Mas apesar dos seus defeitos
Se quisermos que elas mudem
Não as teremos originais
E sim réplicas mal feitas
De nós mesmos
Que por natureza já somos imperfeitos
E se, ainda assim, sabendo disso, persistirmos
Em tentar mudá-las
Terminaremos nossos dias à sós
Sem ninguém para nos perturbar,
Para bagunçar nossos pertences...
Para virar de ponta-cabeça a vida da gente
Sem alguém para conversar, desabafar
Dividir alegrias, tristezas, sentimentos...
E a qualquer momento, enlouqueceremos
Mas se conseguirmos voltar atrás, a tempo,
Recuperaremos o que perdemos
E seremos qual gaivota
Que sobre o mar
Paira solta,
Sem medo do que possa encontrar,
E nos tornaremos livres para amar
E é assim que eu quero te ver
Correndo em busca do que quer
Pois aquele que busca consegue ter
Tudo o que quiser
Não se distraia com os obstáculos: apenas vença-os
Porque eles são colocados em nossos caminhos
Somente para darmos mais valor à Vitória
Mesmo que para os outros ela pareça simplória
E ao final da jornada
Perceberemos que não estaremos sozinhos
Pois os braços da pessoa amada
Nos aguardarão, no fim da estrada,
Para converter todos os nossos esforços em Carinho.