Pra você eu guardei aquela assinatura reversa de nossos corpos,
transbordando de desejo e paixão, que nem o tempo deixa recuar.
Pra qualquer lado que se olhe, somos nós e as conseqüências
inerentes, que nos lêem, no meio dessa solidão de abraços.
Pra você eu guardei o tudo que agora mal nos cabe, nesse
balbuciado hiato, que pouco pronuncia e disseca o verbo amar.
Naquilo que fora consentido e que agora é a dissertativa
esquálida, que em nós se guardou. Justificando a pergunta
[. . . e agora ?
Pra você eu guardei um elo, pedaço, ato que nos traem e
subtraem e mesmo assim ainda ficam incólumes as entregas,
nas clareiras que se abrem, revendo o que não dá pra olvidar.
Mesmo nesse nevrálgico esforço de fuga: urgente e aflita.
Pra você eu guardei a mentira mais fria e breve, porque
não disse, nem diria. A cerca desses sentimentos que ficaram
ao relento do nosso calor, que faz, fez e fará falta. Nos
trazendo sem volta a mesma revolta. Nesse emaranhado do
convívio, com essas ferinas feridas e vis vidas perdidas por aí.
Pra você eu guardei o que há de ter sido esse abandono
trocado, no eco do sempre já em mortalha e ainda assim a
nos assombrar. Onde cada som antigo repercute, no que não
pôde do impossível e ninguém poderia mudar esse repto a
um outro. Nem deixei ficar o veneno naquele cálice, que eu
não guardei . . . e nem guardaria pra você.
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