Brumoso   amanhecer   do  dia  desprovido   e  cinza.

Interjeição  de vento,  frio   e  sensações de abandono.

Quão  só   é  estar  e  se  saber  mais isolado  ainda,

ouvindo   minúcias   de  assombros  (  algo  ao redor ),  

em  meio   a  meu  nervoso  sorriso,  de rito  passageiro.

O   dia   se  anuncia  uma revoada  de  anseios  prementes

indo embora.  Bebo  então  o  café amargo,

de um só  gole  como um golpe.

É  essa manhã  que  se    arrasta

e  esse  tempo  sem  tempo  que  se  resume,

ficando  tudo  tão  pouco   e  sumindo,

no   natimorto   formato  do  sonho  decadente.

A  chuva aumenta  escorrendo   pelas   vidraças,  

traduzida   pelo  repto  d'alma    em  caudal   de  pranto.

Ah  não  importa !  Que se há de fazer,  se agora  eu não   

mais  sou  do  que era,  daqueles doces afagos  de  antes,

que se detinham a compensar  intenção,   de  atenção

ausente !  

Afinal  nesse   breve   e   quase   imaterial    instantâneo,

desse    diapasão   entre   espantos,

me   deparo  a   sussurrar   baixinho,

pra    minha única  e  fiel  companheira.

Bom  dia . . .  tristeza !!!

versejando ( ao estilo de Pessoa )
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