Como se não fosse, ainda assim sendo

Parece-me  ao  tocar  minha pele . . .  nada  tocar 

e  ao  me  olhar  nos   espelhos,  vejo imagens  fugidias

que se apagam.  Vertentes  de uma fugaz matéria

que ocupou  espaços  e  parece  não  mais  querer

ocupar.

 

Pouco  me deparo,  desse  um  tanto  tão  pouco,

daquele   ânimo  já  quase  todo  pelos  extremos,

que nunca se assume,  nem se declara  mais  ser.

Sou  eu,  como se não  fosse, ainda   assim   sendo.

 

Não  adiantando   que  eu  volte,  insista   e   afirme,

se   sempre   perco   para  sempre,   nessa  mal  gerada

herança  de  raízes  soltas.    Onde a  terra   é  terra

que  some  e o  tempo  é   tempo  que  se desfaz, 

dentro    do   meu  ar  indefeso, 

dessa  minha  fome   impaciente.

 

Além   do  que,  deixo   de   lutar   por 

minhas   velhas   novas   revoltas,

impedindo    saber  o  que   e  como  era   ou

o   que   e  como  serei,  a  não  ser, 

o  impecável   do  pouco  que deixei  de  pecar.

E   aquela    lembrança,  dos  meus   passos  se  perdendo, 

ausentes    de    suficientes   pegadas . . .

 

versejando ( ao estilo de Pessoa )
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