Nas profundezas abissais do psique humano, daquela sua alma e
do seu lado interior. Que frita a flor da pele em carne viva. O
drama abre cortinas. Naquele assombrado picadeiro da cidade,
do estado e da pátria nenhuma. Que projetadas trincheiras,
cidadelas, becos, até masmorras, encontram-se escondidas. Que
ainda mais, é o lugar muito abaixo, e mais degraus para o fundo,
sem o menor vestígio do estreito fim.
Onde inexiste o azul do céu, onde nada reflete estrelas, sem
mesmo um refrescante sopro do vento. Somente o abafado:
úmido e quente vapor sem perfume e sem esperança.
O que existe ?
Isso sim !
Um infindável ruído mudo como resposta.
Sem eco, sem dó, sem a oxigenação sanguínea e muito menos sinal de
arrependimento.
É aquela outra margem . . . radical margem. Algo que nos margeia
sem anteparos. Pois nada passa ao largo ou atravessa limites; reles imprecisões.
Até os caminhos que sempre vão dar em algum lugar, mesmo que estranhos,
lá não significam, não vão a lugar algum. Não deixa chegar nem ao inexistido.
A grande comédia é ficar perdido nesse vago e vazio. Sem o encontro de um rumor,
de um amor, de um clamor à vista. Mesmo porque não adianta se preocupar ou
procurar. É terra, sítio, espaço, não identificável por ninguém.
É como uma ilha, só que cercada por ela mesma:
carente de geografia, mapa, solução . . . apenas
um mostro tentando se recobrar.
Que lugar é esse em que se confunde heroísmos e covardias,
nobrezas e mesquinharias. Neste solo de infâmias
em que o justo parece tão estranho
e o tirano tão natural.
Ao mesmo tempo no olhar e a na cegueira, o herói e o
bandido convivem como cúmplices exatos.
Naquele súbito, de forma inesperada e indesejada,
pairando naquela montada armadilha final . . . a mais pura
repressão para amar.
© Todos os direitos reservados