EXCEÇÕES
Há tempos, estou com vontade de escrever sobre uma imagem que não me sai da cabeça, aliás, duas imagens. Uma delas é quando Jesus abençoa as crianças, e a outra, é quando ele está na praia, fazendo um churrasquinho de peixe, enquanto os discípulos estão pescando.
Na passagem referente às crianças, o texto bíblico informa que ele havia trabalhado, exaustivamente, cumprindo o seu ministério e quando parou para descansar, apareceram algumas mães trazendo os filhos para que ele os abençoasse. Os discípulos, muito zelosos, não deixaram que as mães se aproximarem do Mestre. Jesus, que talvez estivesse até dormindo, naquela hora, abriu os olhos, compreendeu a situação e repreendeu, veementemente, os discípulos dizendo: “Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais, porque delas é o reino dos céus.”
O que eu destaco nessa passagem é a importância dos ensinamentos para as gerações futuras. Imaginem se por alguma razão, os pequenos não fossem atendidos? Isso daria margem para as pessoas dizerem:
- Nem Jesus teve paciência com as crianças!
Eu sempre acho que tudo que ele ensinava era universal e atemporal. A passagem tem aproximadamente 1600 anos e parece que foi ontem que as crianças foram recebidas e abraçadas. Abençoadas, sejam, para sempre, as mulheres que levaram os seus filhos até Jesus, pois foi por causa delas que aprendemos o que é pureza.
O fato é que realmente estava descansando, mas abriu uma exceção para atender aquelas crianças, deixando à máxima, de que as mesmas, gozavam de prestígio no seu reino.
Outro detalhe que me chama à atenção, é saber discernir quando se deve abrir exceções. Sim, porque achamos que exceção deve existir sempre, principalmente quando se trata dos nossos interesses pessoais. Se fosse assim, não seria exceção. Exceção tem que ser algo especial.
Lembro-me que uma vez, fui visitar uma determinada pessoa em sua residência e não fui recebida porque a pessoa estava dormindo.
No caso, o rapaz, que atendeu a porta, não quis incomodar a dona da casa que tirava uma pestana depois do almoço.
Fui embora, mas guardei a lembrança do episódio.
Como tenho mania de fazer correlações, o rapazinho, estava no lugar dos discípulos, cheio de zelo, mas sem autonomia para fazer exceções. A pessoa que dormia não era Jesus, pois ele, até mesmo dormindo, consegue saber o que está acontecendo. Só Jesus tem um sensor ligado vinte e quatro horas por dia e que toca diante das prioridades.
A segunda passagem bíblica da qual me delicio, é aquela que Jesus está sozinho na praia preparando peixe assado. Que coisa boa! Que quadro poético! O Mestre fazendo exceção para si mesmo, dando um tempo de seus afazeres, contemplando a beleza do mar e escutando as ondas da praia baterem... Essa contemplação deve ter durado um bom tempo, como se para ele, a criação do mundo fosse novidade.
Os discípulos estavam desanimados, pois “o mar não estava para peixes”. Foi então que o sensor apitou novamente:
-“Joguem a rede para a direita”. O que os discípulos responderam: -“Mestre, pescamos à noite toda e não pegamos nada, mas pela tua palavra, lançaremos a rede.”
Então, como já sabemos, foi uma pesca maravilhosa, que de tantos peixes os barcos iam a pique.
E como Jesus era objetivo e despachado foi adiantando o churrasco enquanto os discípulos chegavam à praia.
Olha só! Jesus dando uma de churrasqueiro, sentindo o aroma do peixe tostando na brasa, desfrutando de um encontro perfeito com a natureza.
Ah! Se eu estivesse lá, comeria muito peixe assado ao lado de Jesus.
Selma Nardacci
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