Crónica do fim dos sorrisos

Crónica do fim dos sorrisos

«desci a rua, já estava a amanhecer e o frio matinal entranhava-se na alma, causando um arrepio tão meu companheiro. os meus olhos cansados procuram-te à janela do pequeno quarto de motel, não apareces. dormes enrolado nos lençóis, na tua frieza sensível, num sonho que nem eu nem tu queremos que termine. acendo o cigarro e sigo o meu caminho. a minha casa é vazia, impessoal, parece que habita nela uma sombra, um fantasma, parece que nela ninguém habita. passo o dia a viajar e regresso à noite, para que nos teus braços me sinta viva, para que nos teus braços me sinta mulher, sonhe, mesmo que esse sonho seja um punhado de momentos em que realizamos os nos segredos, os nossos desejos, as nossas loucuras. nunca dizemos adeus, nem há a despedida. mas a vida dá-nos pouco e esse pouco que ela nos dá é resumidamente pouco. desejo que o dia se cubra de escuridão e que nos teus braços possa voltar a sonhar...»

 

Paixões proíbidas

celia bastos
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