Ninguém entende o meu silêncio
Parece confuso aos olhos gulosos e volúveis
Palavras seguidas perdidas desencontradas e desconexas nas linhas

Não quero dizer nada em minhas poesias
Mas toda vez que a lêem
Julgam-me pelas intenções das palavras,
Mas, o que são elas
Além de murmúrios dos sentimentos
Que se propagam no vento sem rumo certo?
Se têm intenções, são algo vivo?

É bem verdade que
Ô bicho inconstante que é a palavra
Mutável, é bem verdade,
Logo, um bicho mutante
Que dá medo só de pensar na ausência dele
Um mundo mudo... que horror seria!
Que sentido faria homens calados vivendo na Terra?
Nem mesmo a vida seria chamada de vida
O que seria?

E a poesia que é esse meio de se expressar sentimentos
Tem vida própria, luz própria, um organismo vivo
Mas toda vez que prefiro o silêncio, que é o oposto de tudo isso
Escrevo uma poesia... para vir alguns pensarem
Na pretensão, na intenção, na mente do poeta

Ora, mas é justamente pra fugir da minha mente que escrevo...
Eles não entendem... se escolho um pseudônimo
É porque de tão poética minha vida se transformou em silêncio
E tudo o que digo com a real vontade de dizer
Vem guardado antes da poesia:
O meu nome falso