Tocantins, ainda menino te conheci
Quando tuas águas pelo teu leito sem impedimento corriam
No verão, belas e exóticas praias em tuas margens a surgir
Como berçários as tartarugas serviam
No inverno, desciam tuas águas com violência em correnteza
Proporcionando abundância aos ribeirinhos e pescadores
Cardumes de peixes, obedecendo a natureza
Subiam as tuas nascentes vencendo obstáculos e predadores
Tocantins, o progresso chegou um certo dia
Por um muro de concreto tuas águas foram presas
Para movimentar turbinas e produzir energia
Isto custou sacrifício e destruição da natureza
Fauna e flora foram impiedosamente sacrificadas
Foi sem precedentes um enorme impacto ambiental
Comunidades ribeirinhas foram desagregadas
E esmagadas por um grande impacto social
Tocantins, ainda menino te conheci
Banhávamos em tuas águas e felizes brincávamos
Das tardes de sábado nunca esqueci
Quando os barcos "marabaenses", ansiosos aguardávamos
Carregados com castanha do Pará
Era a oportunidade de trabalho que surgia
Estivadores, comerciantes, todos tinham a ganhar
Sem pressa, com naturalidade a vida fluía
Tocantins, te conheci como a natureza o criou
Com cachoeiras, praias e belas ilhas naturais
O progresso sem dó te modificou
Quisera eu, que o tempo voltasse atrás
Tocantins, nunca mais te verei como eras antes
Pela vontade do abstrato e obscuro destino
O tempo na minha lembrança, mesmo distante
Continuará, como quando te conheci ainda menino.
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