O vento paira,
a luz desaparece,
o som desfaz,
o sentido engrandece,
o tato floresce,
o tesão enobrece,
o suor padece,
o olfato estremece,
o paladar enlouquece.
a chuva cai,
o frio chega,
a noite vem,
o uivo bate,
o sono mata,
a madrugada vive,
o sol chega,
o galo canta,
o pintinho pia,
a cama chama,
o café esfria,
o cheiro arrebata,
o atraso alivia,
o vizinho briga,
volta nostalgia,
a rua parada.
 
Bom Dia!
 
A greve continua,
a polícia atira,
o moço é atingido,
a ambulância assobia,
o terror ardia,
a mulher chorava,
o trânsito andava,
o escritório chegava,
o atraso bastava,
o chefe já brigava,
o relatório atrasado,
o pobre coitado,
o estresse danado,
o almoço estragado,
o apetite acabado.
 
Boa Tarde!”
 
O zum zum zum batia,
o silêncio descabia,
a secretária gritava,
o editor descabelava,
a pressão já bastava,
o prazer acabava,
o cansaço destruía,
o olho fechava,
a paciência dilacerava,
o crepúsculo aproximava,
o trabalho acaba,
o carro anda,
a ponte para,
o homem escala,
a vida passa,
o filme acaba,
as pernas empurram...
 
Boa noite!”

 

Jonathan Cunha
© Todos os direitos reservados