O trajeto de uma lágrima

 
Numa face contra um reflexo
Acompanhei a trajetória de uma lágrima
Inundou meus olhos e desceu
Transbordando e despencou abaixo
Mesmo com barreira correu,
Passou lentamente por entre
A face rosadas e o nariz
Contornou e foi morrer
Nos secos lábios
 
Num rosto contra todo um espelho
Notei o caminho que linha invisível
Saiu transbordando num rosto
Pulou esta dos olhos direto
A face e seguiu...
Num curto espaço deu de encontro
Ao abismo que termina num queixo
Que treme as emoções
 
Olhar que chora sem saber
Que uma lágrima se suicidou
De seu queixo ao chão
Pra ser pisado pelos vilões
Lágrimas que verteu sangue
E se foi morrer num abismo
Ou de silêncio ou de trevas.
 
Tão curto o trajeto de uma lágrima
Que de dor tão veemente... mói
Se transborda e segue até que cai
E a um chão tão sujo e duro vai
E debaixo das solas que nem notam
Um rosto triste que por ali passou
 
A lágrima se seca sozinha, evapora
E os donos olhos delas vai embora
Com a dor amena, em holocausto
Que tuas lágrimas em suicídio
Se renderam a escuridão
Pra amenizar teu sôfrego coração.

Allinie de Castro
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