No ninar que o mar
Traz ao barco a velejar
Faz-me sonhar ao relento
 
Doce balançar que nina
Esta mulher que por dentro
Ainda é menina risonha
 
E no balanço sereno do mar
Noto algo lindo a me vigiar
Que me ponho a admirar
 
Jaci, amiga das antigas
Que ouve meus lamentos
Por serenas cantigas
Murmúrio junto ao mar
Sussurrando ainda travessa
Em meio ao sereno do ar
 
Mesmo distraída
Em meio de aguas tranquilas
Me parece que as águas
Estão furiosas
Pela forma como vem
De encontro ao barco
 
Existem tantas belezas
Ou mesmo companhias
Neste trajeto de vida,
Mas que às vezes se tornam tensos
Se tornam solitários
De certos modos tempestuoso
 
E nem paramos pra pensar
Que o mesmo berço
Que pode nos ninar
Pode também nos afogar
Nos matar e largar
E ingrato nos cuspir
A praia a boiar.

Allinie de Castro
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