DESCANSO ETERNO
 
Quem me dera por instantes, inusitados
A aurora do dia passado
O afago de magoas entrelaçadas
Aperto entre mãos, desgarrada morte.
 
Os vermes adentrando o corpo, domando-te o sangue
Crepúsculo vigente, alma perene, insólita prece
A fateixa ao canto, sangue em poças
Dor veemente, carne dilacerada!
 
Uma maçã podre, caída ao meio dos escombros
Faca com gume enferrujado, barulhos de corrente
Sons altos e estridentes, hurros e murmúrios
Pragas indesejáveis, homem sem mácula, “merda” de vida?
 
 
Ainda foste ao amanhã, o que outrem lhe disseste
Por arcanjos sanguinários, dementes templários
Néscio homens de luxúria, inerte ao canto do escombro
Fora “merda” negligente, peste bubônica insane!
 
Sonho ou realidade, intercalada com a vida ou morte
O desejo e a loucura. Andam juntos pela estrada
Ranger de dentes, lamentos descrentes, despeça perda
O momento passado, o sono perdido, descansará-me na morte?!

Heronildo Vicente
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