Tenho saudades da vida. Da que vivi e da que não vivi.
Essa saudade, como se estivesse fora o que me faltasse - Há de
ser o Cristo. Quando não sei se é aquela que seria minha
cara-metade. Vagando por minhas saudades, ó, como posso
estar tão só se sou só saudades? Da saudade nasce a fé, a
certeza do fim da falta que faz essa saudade tão demais. Ó
vida, por que tanto me dás e tanto me tiras? Essa nostalgia. Por
que tive de envenenar-me para esta vida? Por que tive de
jamais chegar em minhas partidas? Ó vida, se fôras aquela e
aquela menina, a saia que roda e és tão linda, ó esses olhos que
me dominas, e em pouco instante e meu transe termina, ó vida!
Tenho saudades da vida, de tantos e de Catarina. Ora, por que
foram tantos? No Paraíso eram apenas dois, que saudades
tenho de um antes e de um depois! Vida vida, que nunca
terminas, que saudades tenho da vida!

MARCELO GOMES JORGE FERES
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