AQUI! POR QUE TANTO TENTO?!


 
 
Quando a verdadeira fuga,
A tentativa última,
Dá-se pelo caminho secreto,
Da arte derradeira – Á! Poeta!
E eis que te não bastarão
Todas as lágrimas
De todos os rios
Em cachoeiras,
Porejadas gota a gota
Como o sangue que,
Escorrido,
Por entre teus dedos,
Parecem as letras,
As mesmas destas que,
Ainda agora,
Mesmo,
Escorrem ainda,
Neste inútil tentâmen,
Quase te iludindo.
Mas que ainda agora –
Tu que vás lá encima! –
E que dês às letras primeiras
Um verdadeiro e outro título,
Do tamanho das águas dos rios,
E das cachoeiras que tu
Confundes e misturas em estratagema,
E que as choras apenas para poderes
Pintar quadros de melancolia,
Desenhar traçados de orgias,
Sem que, realmente,
Sequer as mereças!

MARCELO GOMES JORGE FERES
© Todos os direitos reservados