A mais bela das poesias surge no sonho de reconquista,
Na quimera que a distância gera,
De um perdido paraíso,
Na vigília do coração apertado à espreita de seu próprio desvario.
A mais bela das canções surge como gemido daquele que,
Voluntariamente,
Colocou-se em perpétuo asilo,
Ao abrigo da dor do rompido amor concebido.
A mais bela quimera,
Surge do sonho forjado em vida traída,
Ah! esses felinos!,
Poetas ensandecidos que criam e recriam palavras incendidas,
Que são chamas,
E sempre insuficientes ainda,
Que procuram sublimar suas próprias e pequenas sensações,
De dores de amores que surgem aladas como aromas e sabores, odores,
De todo perdido paraíso,
Que daqui se vislumbra,
De dentre essas bêbadas brumas,
Que se incensam,
Dessa tão insensata,
E tão estreita ainda,
Terra dos asilados poetas,
Terra das insanas poesias.

MARCELO GOMES JORGE FERES
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