Incertezas de Cervantes

Passos incertos se entrelaçam e,
não, ainda não é o momento.
Palavras incertas rodopiam
no moinho de pensamentos
e sua imagem se confunde
com a de gigantes inabaláveis.

Não, ainda não é o momento.
Assim, mais alguns passos nascem,
contornam linhas e camuflam o medo.
Proximidade das mãos relatam o desespero,
plapitação acelerada, suspiros retraidos...
E a noite apenas serve de palco.

Ao lado não existe cavaleiro alado,
saídas de fuga ou sequer a companhia
de um vinho saqueado,
resta apenas você, montanha
atrativa e perigosa que convida para o incerto.
Amanhã verei novamente o sol?

Ainda não é o momento, mas que seja.
Atravesso Veredas, encaro meu próprio retrato,
tapo os ouvidos ao descer dos morros e você encaro:
empunho a espada, seu escudo me desarma,
tenho nas mãos seus cabelos, espero a cada nascente
a certeza de um pacto...
 


 

renan ricardo
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