Do fundo do ego, centro,
profundamente descampado,
ocupado pela lama que nada
ama, secamente desolado.
Fere a ferida já aberta,
abre novamente ressequida,
não amada, mão cortada,
desolada ferida embutida.
Escreve pelas páginas do rio,
seco também, fluente nem tanto.
Pede esmolas no campo de desabrigados,
abriga o terror do sentimento forjado.
Desiste das palavras, afoga solidão,
melhor morto que vivo em outra mão,
que torce o pano, escorre o sangue,
do punho cortado...
Esqueça as pessoas, apure o ferimento,
respire ar adentro e trafegue pelo sentimento,
que vale mais que a compaixão,
que mais vale a união...
Melhor sentir a certeza, a razão,
poupe-me da fraqueza,
escarre a pobreza,
sinta-se seguro...
De todas elas, somente a mente
não mente, não sente...
mas não tente: o manicômio
será seu fim...
© Todos os direitos reservados