Perco, em suas mãos

Traços errados sobre a tela delatam arte imatura,
pronta para lapidação.
Bem ao contrário dos passos errados
sem mérito e concetração:
típicos do cego que não quer ver.

Às vezes pernoita-se num bueiro,
declama-se horrores a uma meretriz,
embriaga-se sobre um estreito,
sujo e moribundo casulo de atriz,
profana-se contra as noites e o bem-querer.

Mas tudo faz parte da mocidade,
imatura idade que não quero largar:
preciso sofrer, crescer, aprender.
Portanto, não deixes o ego corroer,
sairia perdendo eu, quando falo em te querer.

Seria eu a perder a vida,
a vontade de correr e deixar
que gotas frias percorram a face,
limpem a sujeira da noite anterior,
o sacrifício e suor do calor.

Minhas desilusões, paixões com arrogância,
noites insones, manhãs ressaqueadas,
gritos de desespero, uivos de infância,
alegrias quebradas,
a simples e pura ganância...

Sairia perdendo eu com a infame companhia tua,
teus trejeitos, gracejos e dizeres de ternura...
Pena que na confusão que admito,
ficas por cima, certa como espinhos e rosas,
certeza que eres certa e até pura...

Apenas esqueça-te no próprio calor,
que negou e vez uma, um tostão abandonou...

renan ricardo
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