Diário de um moribundo

Vagando pelo mundo
Andando pelas ruas
Como um moribundo.
Fria a alma, pele nua.
Vai a chuva,vem a neblina
Chega o calor do sol.
Eu vagando a cada esquina.
Eu na vida, eu no rol.

Lágrimas ao meio fio
Meu corpo continua frio.
O sol não é suficiente
Para aquecer o corpo doente.
Minha alma está intacta.
Para rota do amanhecer
Andar por todo o dia
Na espera do anoitecer.

Vagar sem destino
Faz-me deteriorar
Meus desejos em desatino
Ainda fazem minha alma brilhar.
Fico incerto a cada noite
Em meus sonhos a soluçar.
Meus desejos estão perdidos
Tudo o que eu queria era um lar.

Meu coração partido
Não tenho forças pra continuar.
Vou seguindo a cada caminho
Vendo minha vida acabar.
Tento sorrir para alguém
Que não entende o meu vagar.
Este vai com o coração partido.
E eu com meus sonhos a delirar.

Vejo ao longe a lua brilhar
Eu não sei em qual calçada
Meu corpo vai descansar.
Pensando em mais um dia
Será que vou ver o sol brilhar
Não lamento minha sorte
Pois sei que com ela a morte
Hei de sepultar.

Quem sabe depois da morte
Eu consiga um lar.
No rol dos moribundos.
Sou apenas mais um
Neste imenso mundo.
Sem família e sem lar.
Sei que depois da morte
Minha alma vai descansar.

Penso nas pessoas
Que na vida vejo passar
Será que esta sociedade
Vai com elas se preocupar,
Pois nas estradas da vida
Não vivo sozinho a vagar.
Enquanto a noite não chega
Deixa-me com outros me preocupar.

Deixo este diário sem capa e sem assinar.
É a história de um moribundo que está pela vida a passar.

Elis Santos
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