Vertias música de teus olhos lacrimosos
Vasta e pobre aridez no longo sorriso
Na delicadeza japonesa dos empurrões
Brutalizavas qualquer calmo beijo
Quanta sensualidade nos fortes tapas
Para violentar-me com teus abraços
Derramavas de tua boca adoráveis palavrões
Em vezes salpicado por elogios baratos

Ninfomaníaca, elegantemente dormias
Para tornar-te gigantesco iceberg no gozo
Vomitavas ciúmes ao esquecer-me na sala
Transbordavas indiferença nos carinhos
Suplicavas por solidão, desejando-me
Exigias minha presença, abandonando-me
Aflita, tranquilamente balançavas à rede
Relaxada, vagavas gemendo noite adentro

Tinhas saudades comigo ao teu lado
E uma incontida euforia na minha ausência
Carente de mim, clamavas por solidão
Totalmente auto suficiente,  exigias colo
Árida e saciada, chamavas-me ao quarto
Arrebatada pela tesura, descartava-me
Nos lençóis de outros homens, amavas-me
Atravessada na minha cama, insultavas-me

Quando desesperavas-te, ias alegre ao jardim
Na felicidade, descabelavas-te histericamente
Perdidamente apaixonada, expulsavas-me
Para detestar-me novamente cheia de candura
Fácil entender sua melada monstruosidade
Também repouso em teu buquê de espinhos
Na exata medida que me reconheces
É o tanto que teu amor me merece

 
 
Gê Muniz