O quanto de ti me habita?
Traços, modos e costumes
É medida de amor, infinita
imprecisa, de sangue, cardumes 
Sei apenas que foi a guerreira
corajosa na expressão liberdade
Fez do peito a fuga pioneira
rumo ao leito, envolto em saudade
 
Grandioso ser parte da estória
de agruras, de paz, obscura
Vida viva, em fraqueza e glória
Mera essência de ser, alma pura
 
Traz da força o exemplo seguido
O orgulho, meu motivo mais claro
Ser quem é faz de ti tempo ido
mas beleza na dor, sonho caro
 
Perpetua os teus seres ao vento
reconstrói no caminho outro esboço
Do convívio, eu e mais, sentimento
e o desejo de honrar seu esforço
 
 
Tão estranho entender este medo...
 
 
Pois o tanto de mim que te habita
em laços, tratos e perfumes
É medida de amor, tão bonita
Mesmo rasos, sossegos, queixumes
 
Saiba enfim que por ti sou inteiro
na contínua expansão, liberdade
Desde o leito meu mundo açoiteiro
Rumo ao peito, em chama que invade
 
Tenebroso dar parte na estória
Ser a luz na estrada ainda escura
Vivo vida, presente e memória
mera angústia da essência futura
 
Sou dos sonhos meu templo erguido
da beleza, da cor, do que é raro
Ser quem sou faz de mim tempo lido
mas motivo do próprio anteparo
 
Perpetuo em dizeres o intento
desejar, construir, todo esboço
Tu e mais, em igual, experimento
À distância... sua honra! sou esse moço...
 
 

Homenagem intensa e imediata. Vovó Dometila Villas, 89 anos.
Dedicado à poetisa Ciganita.

casa / de saudade

Marcio Branco
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