As luzes não mais me guiam
A brisa não me sopra
O mar já não me molha
Os olhos já não me enxergam
Os ouvidos não me ouvem
As mãos já não me sentem
O perfume já não me usa
O ciúme me consome
Desejo já não sinto
O ar já me respira
A comida me engole
A bebida me brinda
O consolo é o meu silêncio
O meu dicionário nada sabe
O meu saber é impreciso
O meu diálogo é mudo
O entendido absurdo.
Já não consigo caminhar
A minha cama é minha estrada
Não quero ir além
E chegar até o nada.
Meu sorriso é brando
Minha brandura escura
A escuridão é o dia
O dia é imenso
A imensidão é curta
Presa , segura pela mão.
Já não posso verter
Eu não sou o troféu
Nada ganhei, nem ganharei
Pela lei do inverso.

Salvador

Fábio Avanzi
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