Das pedras que roemos (II)

 

 
Dois bandidos correm pela avenida!
escrevem a majoritária história da humanidade.
Humanidade!? Ó tocadores de domingo!
halterofilistas, coronéis, comandantes de esquadrões!
A força aérea exibe força no matagal...
A bandeira e o brasão não são mais aqueles.
Dois bandidos correm pela avenida!
bandidos!? E os turistas franceses?
O globo é quadrado e gira em torno de nós.
E os homens? Vestem-se com aqueles calçõezinhos ridículos
com que os príncipes aparecem nos contos de fadas.
Sem tempo para chorar, os operários giram em torno de si.
Dois bandidos correm pela avenida!
território alheio não se invade
a não ser com um revólver em punho.
Carrascos se ajoelham e pedem perdão...
Já! serra, serra serrador!
Abre-se uma clareira no centro do asfalto.
Dois bandidos correm pela avenida!
metade de uma moeda se despenca do edifício,
o patrão ama a secretária, a secretária ama o bói,
o bói tem vontade de matar o patrão.
O relógio da igreja conta sete badaladas
e o pastor conta suas ovelhas.
Dois bandidos correm pela avenida!
Alguém toma banho no chafariz da praça
e dois bandidos correm pela avenida.
Dois bandidos fogem pela avenida!
Dois bandidos são mortos a tiros na avenida!

Geovani Bohi Goulart
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