Pescador

Brisa embuçada acaricia-me como navalha,
No ardor cômodo de uma luz, o sol, meu amor.
Induzo-me a caminhar nas pedras como pescador.
Encontro-me perdido na rede, no louvor.

Imbele momento que nos prega ao passar do tempo.
O raiar assemelha-se a um escurecer, um vento.
Vento, brisa, nada como se isolar em um convento,
Dispondo de palavras insolentes para viver o momento.

Vejo-me pacífico no oceano sem mar,
Afogando-me Nele, sem o Seu despertar,
Maltratando meus sonhos, meus devaneios ao acordar.
Fisgo um vento, uma brisa, as cores do céu. Estou ao léu.

Busco-me dentro de mim encontrando razões para existir,
No esfíngico sentido querendo ver o sol, dentro de mim, a sorrir.
Resplendo os pensamentos, que nos fazem iluminar,
Que de nada adianta pescar, fisgar, se não sabemos remar.

 

Estocolmo, Suécia

Carl Dahre
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